Sinopsis
Constituída como campo de saber auxiliar à prática da justiça, a Psicologia Jurídica vem encontrando novos desafios à medida que os sistemas legais em expansão alcançam cada vez mais as áreas da vida privada. A vinculação dos saberes psicológico e psiquiátrico com as práticas judiciárias, solidificada no início do século XX, no Brasil, marca um momento de estruturação dos grandes mecanismos de confinamento. Neste século XXI, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais integram o quadro de funcionários do Poder Judiciário, com atuação diversificada no auxílio à atividade jurisdicional. Fortifica-se este "exército de técnicos", dando maior consistência "científica" às instituições de sequestro. Nos últimos cem anos houve mudanças na legislação sem, porém, que a lei perdesse a sua função política de "tática de dominação", na expressão de Foucault.
Psicologia Jurídica no Brasil é uma publicação que procura dar conta dos principais desafios relacionados à atuação dos psicólogos junto às questões e conflitos em que o poder judiciário é convocado a intervir. Editado inicialmente em 2004, ganhou amplo reconhecimento e vem percorrendo os meios acadêmicos e profissionais da Psicologia e do Direito em todo o território nacional. Esta terceira edição foi revista e atualizada de acordo com as alterações recentes da legislação. As análises e reflexões aqui reunidas compartilham a crença de uma construção possível entre aquilo que é totalizante no Direito e o que é singular na Psicologia e apostam na possibilidade de ultrapassagem dos falsos dilemas que opõem a vida coletiva às questões prementes para a vida subjetiva. Os autores deste livro acreditam que a psicologia jurídica pode funcionar como instrumento a favor dos desejos, e não a favor do cancelamento da subjetividade. Um trabalho que opta pela ética, pela dignidade, pelo respeito à cidadania e aos Direitos Humanos.